Dicas de Leitura

Para quem escolheu o recesso entre o Natal e o Ano-Novo, ou para quem escolheu sair de férias só em Janeiro, é tempo de trocar um dos vale-presentes pensando na viagem de fim-de-ano. Imaginando que você possa ter ganho um "vale-livro", aqui vai a dica de uma ótima leitura, informativa e que prende a atenção de todos que gostam de um pouco da história contemporânea:

Os Sete Chefes do Império Soviético
Dimitri Volkogonov

O autor é um general aposentado da ex-União Soviética que trabalhou com seis dos sete secretários-gerais do partido comunista da URSS, nome dado aos verdadeiros chefes pós revolução bolchevique. Sua narrativa usa a personalidade dos sete chefes para dar um retrato da União Soviética durante seus 70 anos de existência, desde a revolução de outubro de 1917 até a queda do muro de Berlim e sua posterior dissolução.

Os pontos altos do texto: Dismitificar personalidades que foram ícones da história mundial e que, por sua posição, foram durante muito tempo blindadas pela propaganda e pela KGB. Por exemplo, o PCUS (o partido), por influênia de Kruschev (o 3º chefe), sempre propagandeou que os massacres da época de Stalin não estavam nos planos de Lênin, que sempre foi um filósofo de utopias e humanista. Volkogonov mostra através de relatos e documentos que Lênin já acreditava que o regime só seria eficaz por meio do controle e do expurgo daqueles que fossem contra as idéias revolucionárias, tendo o próprio Lênin ordenado o massacre de vários opositores.

Os pontos fracos: Por mais que diga o contrário, o autor mais parece um cidadão magoado com o regime, que foi patrocinado por órgãos ocidentais (CIA, MI-6), assim como os antigos contra-espiões. Por vezes o texto soa como propaganda anti-comunista, parcial e raso nos pontos que o interessa (não há citações com relação à participação da KGB na guerra do Vietnã, situação favorável para a inteligência soviética, enquanto há um relato imenso sobre os erros cometidos no Afeganistão e na crise dos mísseis em Cuba), e excessivamente crítico ao modelo desde o começo (desde Lênin o sistema já estaria fadado ao fracasso). Por mais que eu não acredite no modelo bolchevique, não sei se seria tão cruel como o autor.

Entre os prós e os contras eu fico com os prós. Leitura que prende e que faz esquecer horas no aeroporto e no avião. Bom para acompanhar um Capuccino.

Resoluções de Ano Novo

Para quem quer completar sua lista de resoluções de Ano-Novo, mas anda sem idéias, aqui vão algumas dicas:

1- Beber mais café (café faz bem para problemas de pressão, alzheimer, parkinson, diabetes, coração, dentre milhões de outras coisas)

2- Beber cafés melhores (O café é um dos prazeres mais baratos. O melhor café do Brasil não sai por mais de R$ 5 uma xícara, ou não deveria.)

3- Comprar uma La Marzocco GS/3 para minha casa (para sua casa, mas pode ser para minha também!)

4- Comprar uma Kombi (ah, vai lá, uma kombi é bem legal e cabem 10 vezes mais garotas que numa Ferrari)

5- Frequentar mais lugares bacanas (Ao invés de tomar o cafezinho do trabalho no trabalho, vá de escada até o café embaixo do seu prédio e passe 5 minutos relaxantes - além de saudável, tira um pouco daquele ar de escritório)

6- Ir mais à praia (Se você nunca vai, fica mais fácil ainda cumprir essa resolução)

7- Experimentar uma comida nova que nunca imaginei que fosse comer (As comidas mais requintadas do mundo são coisas que geralmente achamos nojentas quando explicadas)

8- Parar de fazer listas de resoluções de ano-novo (essa é velha, mas as pessoas continuam esquecendo)

Feliz Natal! (ou como fazer café com o liquidificador)

O ano já agoniza, é chegada a época de festas atrás de festas, comidas e bebidas. Daqui a alguns dias será Natal mais uma vez. Uma boa idéia para presentear seu amigo oculto/secreto, ou um parente um pouco mais distante, sem cair na velha fórmula Vinho/Livro/Gravata/Vale-Presente, é um quilo de um ótimo blend de café. Você vai gastar entre R$ 30 e R$ 50 e ainda vai escolher um presente diferente e tão universal quanto os acima descritos.

- Ah, mas e se o presenteado não tiver como moer e eu só encontro meu blend favorito torrado em grãos?

- Que os grandes xiitas do mundo gastronômico não me ouçam, mas, se ele não tem moinho, então não deve ter máquina de espresso. Como ele vai usar ou o coador, ou uma cafeteira francesa ou uma italiana, que são todas menos sujeitas a degradação da bebida por causa de imprefeições no processo, é possível utilizar um liquidificador ou um processador de alimentos (bem limpo, seco e sem odores) para moer o café. Como regular? O bom e velho "olhômetro" e, com o tempo, a experiência.

É melhor tomar um maravilhoso café, feito de formas alternativas, do que ficar sujeito a comprar um moinho (geralmente um pouco salgado) porque os "puristas" acham que café bom tem que ser espresso, moído na hora, e blá, blá, blá...

Essa é a nossa dica de Natal!

Ah, e depois da ceia, nada melhor que um bom "Sul de Minas" feito na French Press. Não esqueçam!

Efeito Guinness

No vídeo lá embaixo, o do espresso "naked", se vocês prestarem atenção, ocorre um fato curioso com a crema do café, ela desce pelas bordas (ao invés de subir, o que seria normal) e sobe pelo centro do copo. Esse efeito não é priviliágio desse tipo de extração. Qualquer extração em um copo de vidro produz o mesmo efeito (claro, a extração tem que ser no mínimo regular para produzir alguma crema de qualidade). Tal fenômeno é observado na cerveja Guinness e no Chopp Brahma Black da mesma forma, só que com bem mais espuma.

A Crema, como a espuma do Chopp, nada mais é do que o CO2 do café, produzido na hora da torra do grão (já na espuma o CO2 vem da fermentação, fator que não deve ocorrer nunca no café).

Em seu blog, James Hoffmann (ex-campeão do WBC) discute o tema e faz a comparação com o efeito Guinness que comentei. É bem interessante. Na verdade, eles dizem, o que ocorre é que as microbolhas que estão junto à parede sofrem efeito de "arrasto", ou seja, por causa do atrito com o vidro, sua velocidade de subida é menor do que as bolhas do centro do copo. Com isso, as últimas sobem, deixando um "vácuo" que puxa as bolhas da borda, criando um efeito circular. Bonito de se ver.

Mais WBC

A novidade esse ano veio por conta da internet. Foi possível ver ao vivo todo o campeonato, direto do site do WBC (http://www.worldbaristachampionship.com/). Os vídeos estão lá para quem quiser conhecer mais sobre essa profissão que cresce cada vez mais.

WBC 2008 - Copenhagen

Voltando a outro assunto que toquei nos últimos dias antes da parada, o barista representando o Brasil no último WBC acabou não conseguindo avançar e ficou apenas na 37ª colocação, atrás do México e à frente da Estônia. O campeão veio da Irlanda, seu nome é Morrissey (não, não é o do Smiths):

Lá no site www.revistaespresso.com.br você vê um pequeno vídeo da competição.

Copa Barista

Em um dos últimos posts antes da parada, andei falando sobre a Copa Barista - Campeonato organizado pela revista espresso que ocorreu em Junho, na Fispal, São Paulo. O que ocorreu foi que o barista responsável pelo treinamento de café da RUBRO Café, Léo Moço, venceu, confirmando seu favoritismo e coroando um trabalho árduo, de muita doação e estudo. Parabéns mais uma vez Léo, você mereceu.

A Volta!

Depois de um longo e tenebroso inverno (que parecia merecer uma bela xícara de cappucino), voltamos a atualizar o blog, esperando que as pausas se tornem menores. Estávamos realinhando todo o site e criando uma ligação com o blog.

Naked Portafilter

O Vídeo do post anterior mostrou uma extração de espresso em um 'naked portafilter', que nada mais é que um portafilto sem as "canaletas" que conduzem o café. Ou seja, ele sai da cesta direto para o copo, proporcionando uma crema absurda, como visto no vídeo. No Rubro Café do Fashion Mall é possível pedir um 'Doppio' (Um espresso curto duplo) 'naked', é só falar com o Léo Moço, Daniel ou Bill que eles prontamente entenderão o recado.

Ao lado, um portafiltro duplo comum e um "naked"

Incrível!!!

Guia Introdutório a Campenatos

A proximidade do WBC e da Copa Barista na Fispal me fizeram entrar no clima das competições. Acabei me esquecendo que nem todo mundo é obrigado a saber como são os eventos, ou mesmo que eles existiam. Bom, aqui vai um pequeno guia introdutório sobre competições de baristas:

Em Campeonatos, todo barista tem 15 minutos para fazer uma apresentação, onde ele deve:
- Apresentar-se aos juízes
- Apresentar seu café
- Apresentar seu leite
- Preparar 4 espressos, 4 Capuccinos e 4 Drinks próprios

Como é uma apresentação, o barista deve preparar a mesa dos juízes de acordo com o seu tema, que, acredita-se, vai ser relacionado ou ao seu blend de café, ou ao seu drink (o ideal seria que fosse aos dois).

O barista será julgado tanto por fatores técnicos como por categorias sensoriais.

Os juízes técnicos julgarão limpeza, desperdício (de pó e de leite), compactação (se foi feita, se estava reta), se os procedimentos para se retirar o espresso foram corretos, se a crema do espresso das três bebidas estava ideal, se o barista limpou a estação para o próximo competidor, entre outras coisas.

Já os juízes sensoriais irão julgar a qualidade do espresso, o aspecto, consistência e sabor do Capuccino, a bebida própria e a apresentação em geral.

No exterior verifica-se uma experimentação muito maior nas competições do que em solo tupiniquins. Geralmente as apresentações do WBC são marcadas por serem temáticas, onde o blend do café, as bebidas produzidas, a música e a própria trajetória do barista possuem uma razão de se encontrar. Vide o caso do campeão mundial James Hoffman, que levou um blend para o espresso e um para o capuccino e a bebida. Isso demonstra que ele era um especialista em café, talvez muito mais que muitos dos juízes que o estavam julgando. O mais legal é que os juízes, ao darem o título a ele, reconheceram sua qualidade sem se sentirem "ofendidos" por sua enorme sapiência no assunto. O nome disso, segundo Platão, é justiça, ou seja, fazer aquilo que cabe a você, nada mais, nada menos.

WBC

Por falar em WBC, ele ocorre nesse fim-de-semana. Everton Peter, da Press Cafe (RS), campeão brasileiro, vai ser o nosso representante na Dinamarca. Vida longa ao Brasil!

Ao lado, Peter (esquerda, de gravata) erguendo seu troféu no VII Campeonato Brasileiro (imagem em:http://www.acbb.com.br/campeonatos/campeonato-2008.htm)

Falando em competições...

A "Copa Nórdica", famosa competição que reúne baristas dos países escandinavos (famosos pela qualidade de seus competidores e de suas cafeterias), não vai acontecer esse ano. Nós do Blog do Café achamos que pode ser conseqüência do Campeonato Mundial, que vai ser em Copenhagen esse ano. Provavelmente as atenções estão todas voltadas para o WBC, deixando a competição regional um pouco em segundo plano.

Acompanhamentos de Segunda

Hoje partiremos para o mundo da música na nossa série de acompanhamentos para uma boa xícara, sempre fazendo a ressalva de que quem escolhe a xícara é você.

10 Bandas/Artistas que fazem trilhas sonoras de pôr-do-sol:

1- Radiohead
2- Jorge Drexler
3- Sigur Rós
4- Ben Harper
5- Do Make Say Think
6- Mogwai
7- Yindi Halda
8- Explosions in the Sky
9- Dirty Tree
10- Godspeed You Black Emperor!

Claro que Pink Floyd é hors concours nessa lista, uma vez que eles criaram a trilha sonora do pôr-do-sol!

Copa Barista II

Em tempo, a programação para o primeiro dia de classificatórias:

CLASSIFICATÓRIA (23 de junho - segunda-feira)
13h Fernando Penha (Nicecup Café) x Leo Carvalho (Casa do Barista)
14h Rogério Rabbit (Café Journal) x Thiago dos Santos
15h Gicélia Teixeira do Amaral (Cafemaq) x Catarina Aparecida Tomaz Bolonha (Octavio Café)
16h Cecília Megume Sanada (Octavio Café) x Cássio Barbosa (Oficina do Café)
17h Éder Ferreira Delfino (Prima Qualitá) x Simone dos Santos Bolssoni (Café Meridiano)
18h Bruna Matias Cordeiro (HotSpot Café) x Marcelo Wesley Babinski (Santo Grão)
19h Thiago Ferreira Candido (HotSpot Café) x Léo Moço (Rubro Café)
20h Lilian Machado (Lucca Cafés Especiais) x Mario Bello (Rubro Café)

Copa Barista

A Fispal, esse ano, vai trazer pela terceira vez o "Espaço Café Brasil". Neste ano ocorrerá a Copa Barista, uma competição onde os baristas competirão entre si, num estilo mata-mata (ou playoff, para os aficcionados por esportes gringos). Como não poderia deixar de ser, teremos dois baristas diretamente da capital fluminense competindo (o estado do RJ levará outros competidores também) por um título que finalmente reconheça a importância histórica da primeira capital da República no mundo do café. Os horários e a tabela com os confrontos estào no site da Revista Espresso.

Sessão Técnica

(Cuidado! Conteúdo pode estar quente!)

A tamperatura da água e suas conseqüências na bebida

Caminhando recentemente pela lista de discussão mais completa da internet sobre café (coffeed.com), me deparei com um tópico interessante: A relação entre a temperatura da água e a bebida no copo.

À primeira vista pode parecer um assunto banal. O leitor, conhecedor de café como é, diria rapidamente: "Ora! É óbvio que a temperatura influencia no copo. Se não estiver quente, a pressão da água vai ser insuficiente para extrair os óleos e o material orgânico do café no porta-filtro. Se estiver quente demais, vai queimar o pó, deixando um amargor e um retrogosto desagradáveis. Por isso a teperatura ideal é 92 graus, e pronto!".

Caro sapientíssimo leitor: Sua afirmação é correta, mas não inquestionável (a Filosofia contemporânea prevê esse tipo de situação ao aceitar que a verdade não é a única forma correta de se responder a uma pergunta). O que o tópico referido tratava era exatamente de experimentações de dois a três graus para menos na água da máquina (modelos com controle eletrônico de temperatura permitem experiências melhores). Alguns baristas que foram "forçados" a extrair espressos antes da máquina esquentar adequadamente perceberam que a bebida no copo saía com menos acidez e aroma, mas com bastante corpo e com uma 'crema' significativamente mais avantajada.

Eu mesmo pude presenciar tal fato em algumas vezes que tive que abrir a cafeteria e tentei regular o moinho com a temperatura um pouco abaixo da ideal. Uma crema um pouco pálida, mas bem espessa, se formou. Confesso que senti falta de algumas das características do blend, bem conhecido por mim, mas algo que não deixou de ser uma experiência boa, com muito peso na língua.

O que venho discutir não é o resultado da experiência em si (continuo preferindo o espresso do leitor, a 92 graus!), mas como o fato de experimentar nos permite obter dados que nem cogitávamos. Antes, se me perguntassem, eu diria que o café sairia ralo, sem corpo nem crema. O que importa mais não é o fim da jornada, mas a possibilidade de escolher um caminho diferente. A isso venho chamando de "barismo filosófico", um termo meio prepotente, mas que somente quer dizer um total desapego às respostas e uma enorme preocupação às perguntas (um professor meu de Filosofia sempre dizia: "O mal das perguntas são as respostas! Se você acha rápido uma solução para um problema, mais rápido você esquece dele.).

Léo Moço no Fashion Mall

Aroma, sabor e arte

Acompanhamentos de Segunda

Toda segunda-feira, aqui no Blog do Café,
irei fazer algumas sugestões de acompanhamentos perfeitos para uma xícara. Pode ser espresso, Cappucinno, French Press, coador, tanto faz, desde que a receita seja sua.



10 Livros que põe o mundo de cabeça para baixo, para acompanhar sua xícara:

1- O Gene Egoísta - Richard Dawkins
2- O Inconsciente - Sigmund Freud
3- Sincronicidade - Carl G. Jung
4- O Mundo como Vontade e Representção - Arthur Schoppenhauer
5- Crítica à Razão Pura - Emmanuel Kant
6- Simulacros e Simulação - Jean Baudrillard
7- Teodicéia - Leibniz
8- Meditações - René Descartes
9- Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
10- A Revolução dos Bichos - George Orwell

O primeiro post a gente nunca esquece!

Começando mais um espaço para os apreciadores de Café conhecerem e discutirem mais sobre essa bebida que cria e soluciona guerras!