segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dicas de Leitura

Para quem escolheu o recesso entre o Natal e o Ano-Novo, ou para quem escolheu sair de férias só em Janeiro, é tempo de trocar um dos vale-presentes pensando na viagem de fim-de-ano. Imaginando que você possa ter ganho um "vale-livro", aqui vai a dica de uma ótima leitura, informativa e que prende a atenção de todos que gostam de um pouco da história contemporânea:

Os Sete Chefes do Império Soviético
Dimitri Volkogonov

O autor é um general aposentado da ex-União Soviética que trabalhou com seis dos sete secretários-gerais do partido comunista da URSS, nome dado aos verdadeiros chefes pós revolução bolchevique. Sua narrativa usa a personalidade dos sete chefes para dar um retrato da União Soviética durante seus 70 anos de existência, desde a revolução de outubro de 1917 até a queda do muro de Berlim e sua posterior dissolução.

Os pontos altos do texto: Dismitificar personalidades que foram ícones da história mundial e que, por sua posição, foram durante muito tempo blindadas pela propaganda e pela KGB. Por exemplo, o PCUS (o partido), por influênia de Kruschev (o 3º chefe), sempre propagandeou que os massacres da época de Stalin não estavam nos planos de Lênin, que sempre foi um filósofo de utopias e humanista. Volkogonov mostra através de relatos e documentos que Lênin já acreditava que o regime só seria eficaz por meio do controle e do expurgo daqueles que fossem contra as idéias revolucionárias, tendo o próprio Lênin ordenado o massacre de vários opositores.

Os pontos fracos: Por mais que diga o contrário, o autor mais parece um cidadão magoado com o regime, que foi patrocinado por órgãos ocidentais (CIA, MI-6), assim como os antigos contra-espiões. Por vezes o texto soa como propaganda anti-comunista, parcial e raso nos pontos que o interessa (não há citações com relação à participação da KGB na guerra do Vietnã, situação favorável para a inteligência soviética, enquanto há um relato imenso sobre os erros cometidos no Afeganistão e na crise dos mísseis em Cuba), e excessivamente crítico ao modelo desde o começo (desde Lênin o sistema já estaria fadado ao fracasso). Por mais que eu não acredite no modelo bolchevique, não sei se seria tão cruel como o autor.

Entre os prós e os contras eu fico com os prós. Leitura que prende e que faz esquecer horas no aeroporto e no avião. Bom para acompanhar um Capuccino.

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